EXÍLIO DE UM POEMA

por Regilene Rodrigues Neves

A poesia escapa entre os dedos

Procura refugio nas palavras

Que caem sobre o papel

Escrevem sentimentos

Que a alma expurga

Para aliviar o coração

Da solidão que habita o peito.

O silêncio rendilha o tempo

Tecendo dias vazios

Em retalhos de esperança

Escrevendo no papel

Versos para não chorar...

Nas entrelinhas esqueço-me de mim

Abro minhas asas e voo sem destino

Entre versos e rimas

Para quem sabe

Num lugar qualquer da minha alma

Meus sonhos pousem

Na leveza do absoluto...

Alguns rascunhos guardados

Molham meu olhar

Saudades que prefiro não tocar

Para não machucar

Onde ainda doe as lembranças...

Escorrem algumas memórias

Que a alma copia num poema

Rompem breves palavras

Querendo gritar

O que guardo em silêncio...

Respiro a noite

Enquanto suspiro emoções

Ouço o eco da minha voz

Sussurrando dentro de mim

Um local para abrigar a poesia

Que voa aleatória

Pelos recônditos da alma...

A penumbra que se faz

Encobre a lua

Vê-se um pássaro em fuga

Batendo asas em seu exílio...

Detrás das silabas

Guardo meu eu

Para que leiam

Somente a ode...

Sigo em frente

Dedilhando o papel

Escrito da alma

Voando a céu aberto

No exílio de uma epopéia

Ao rumor das letras

A debater suas asas no horizonte

Onde finda o poema...

Em 24 de junho de 2011