O Bêbado de Solidão
Sabe, as noites são as horas mais complicadas.
É a hora em que o bêbado sente a sua alma ameaçada.
Sente-a jogada numa calçada à beira de uma esquina.
À beira de um colapso com uma garrafa na mão.
É o bêbado de solidão.
Entre os vãos de uma vida com pouca esperança.
Numa corda bamba, um equilibrista tentando ficar em pé.
Mas, sem a tal da fé, ficou por um fio.
Ficou entre os rios e, entre eles, se enfiou.
Ouviu os barulhos e vozes estranhas.
Ouviu mios e barulhos de gotas se espalhando.
É o trajado de um bêbado solitário.
Trajado a viver num submundo.
Traçando-se a viver numa vida de bordel.
Sem noção das direções e requisições bíblicas.
Na pecabilidade, rebojar em sua mente.
Deixa a garrafa, então, vazia no canto,
Mas na intenção de viver pelos becos.
Nos trechos, mesmo com anseio.
Mesmo quando deitar no veludo de seu travesseiro,
Continuará sendo o bêbado entupido de solidão.
Um estúpido sóbrio, mas ainda solitário.