De poeta a palhaço

Era uma vez um poeta de rosto triste

Trazia na alma a dor da solidão

Nos seus poemas a injustiça pesada

Era um poeta sonhador, o ilusionista.

Chorou lágrimas de tristeza contida

Na voz que sumia na luz do dia

Entre bebedeiras para adormecer a alma

Esquecer os seus desamores e amores

Cansado da sua pena, cansado da sua escrita

Ele sucumba na beira da estrada, vira mendigo

Da sua pena ele coloca o nariz largo e vermelho

Das duas roupas já nada precisa fazer, magro

Fica bem de palhaço, nas sobras do tecido do fato

A criançada faz barulho e azucrina a paciência

Ele meio aturdido faz piadas dos seus poemas

Alguém o filma na rua e vira a grande autor e ator

Parece que foi campeão de vídeo no You-Tube

A televisão o convidou, fez da vida poema cômico

Ria que nem um doido levava a vida adoidada

Como um verdadeiro circo, quando desligavam

Todas as luzes apagavam, as pessoas saiam

O palco fica mudo, apenas a madeira gemia

A dor da solidão era intensa e nem os poemas

Nem as palhaçadas curavam a alma do poeta

Entre uma lágrima jorrada no colo de uma criança

Na dor da partida do seu pai, além de solidão

Virou o órfão da vida e das armadilhas colocadas

Ele podia ter sido feliz, podia ter uma família

Uma vida, uma marca, um lugar na sociedade

Mas não morreu ao descaso num lar por ai

Alguém o viu e reconheceu e colocou flores

Chorou pelas poesias e seus espetáculos

Longe vai a escrita do poeta palhaço...

Betimartins
Enviado por Betimartins em 21/06/2011
Código do texto: T3048971
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