De poeta a palhaço
Era uma vez um poeta de rosto triste
Trazia na alma a dor da solidão
Nos seus poemas a injustiça pesada
Era um poeta sonhador, o ilusionista.
Chorou lágrimas de tristeza contida
Na voz que sumia na luz do dia
Entre bebedeiras para adormecer a alma
Esquecer os seus desamores e amores
Cansado da sua pena, cansado da sua escrita
Ele sucumba na beira da estrada, vira mendigo
Da sua pena ele coloca o nariz largo e vermelho
Das duas roupas já nada precisa fazer, magro
Fica bem de palhaço, nas sobras do tecido do fato
A criançada faz barulho e azucrina a paciência
Ele meio aturdido faz piadas dos seus poemas
Alguém o filma na rua e vira a grande autor e ator
Parece que foi campeão de vídeo no You-Tube
A televisão o convidou, fez da vida poema cômico
Ria que nem um doido levava a vida adoidada
Como um verdadeiro circo, quando desligavam
Todas as luzes apagavam, as pessoas saiam
O palco fica mudo, apenas a madeira gemia
A dor da solidão era intensa e nem os poemas
Nem as palhaçadas curavam a alma do poeta
Entre uma lágrima jorrada no colo de uma criança
Na dor da partida do seu pai, além de solidão
Virou o órfão da vida e das armadilhas colocadas
Ele podia ter sido feliz, podia ter uma família
Uma vida, uma marca, um lugar na sociedade
Mas não morreu ao descaso num lar por ai
Alguém o viu e reconheceu e colocou flores
Chorou pelas poesias e seus espetáculos
Longe vai a escrita do poeta palhaço...