miserável mistério

miseráveis poetas

declamam palavras e rimas

na esperança de um sentimento melhor

miseráveis trovadores

a cantar a angústia de existir,

como chuva intermitente

como sarau de final de tarde

que vem a borrar de roxo o céu

de inverno

miseráveis e trôpegos

que esbarram nos ínfimos limites

da realidade

transbordam em signos

e significados indecifráveis

além do quadro

há o ardor das cores

a gritar o passado

além das palavras

há o fervor dos sentimentos

mofados e embutidos num coração solitário

pendurado na prateleira do tempo

além do momento presente

há um passado

há um futuro

um devaneio reto de tempo

que esbarra em segundos, minutos,

horas e talvez séculos.

Miserável poeta

que tenta domar a palavra exata

se ele se esvai em imensidão e

mistério.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 19/06/2011
Código do texto: T3044387
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