.Universo Negro.
Vivo no inferno.
Ouço vozes me falando, me chamando.
Elas querem me levar para o abismo.
Talvez, eu vá. Quem sabe...
Estou analisando as propostas.
Por enquanto, o abismo é o que mais me anseia.
Anseio a distância da esperança.
Perdi o controle.
Vivo em descontrole.
Nem mais o controle remoto me coloca em imagem e semelhança perfeita.
Eu nunca fui perfeito.
Vivo a imperfeição.
Meu rosto está coberto de lama.
Desanda essa vida’, que nunca vai melhorar.
Perdi a perspectiva.
Rodo no globo e me encontro na Globo.
Sentado no sofá ou no divã – tanto faz.
Se estou sob o efeito de algo ou não, não importa.
Nem sinto mais minhas pernas.
Minha mente é escura e eu não ligo.
Eu mesmo sou o ponto preto em meio a uma folha em branco.
Em meio ao mundo, que é branco.
Em meio ao nada, que é negro.
Eu sou o universo negro.
Eu sou aquele descrente.
Nem saúdo mais os irmãos.
Nem visto mais a roupa.
Deixei o terno guardado em meu guarda-roupa.
Está empoeirado e mofado.
Está como eu: guardado num formulário psiquiátrico.