.Universo Negro.

Vivo no inferno.

Ouço vozes me falando, me chamando.

Elas querem me levar para o abismo.

Talvez, eu vá. Quem sabe...

Estou analisando as propostas.

Por enquanto, o abismo é o que mais me anseia.

Anseio a distância da esperança.

Perdi o controle.

Vivo em descontrole.

Nem mais o controle remoto me coloca em imagem e semelhança perfeita.

Eu nunca fui perfeito.

Vivo a imperfeição.

Meu rosto está coberto de lama.

Desanda essa vida’, que nunca vai melhorar.

Perdi a perspectiva.

Rodo no globo e me encontro na Globo.

Sentado no sofá ou no divã – tanto faz.

Se estou sob o efeito de algo ou não, não importa.

Nem sinto mais minhas pernas.

Minha mente é escura e eu não ligo.

Eu mesmo sou o ponto preto em meio a uma folha em branco.

Em meio ao mundo, que é branco.

Em meio ao nada, que é negro.

Eu sou o universo negro.

Eu sou aquele descrente.

Nem saúdo mais os irmãos.

Nem visto mais a roupa.

Deixei o terno guardado em meu guarda-roupa.

Está empoeirado e mofado.

Está como eu: guardado num formulário psiquiátrico.

Renato F Marques
Enviado por Renato F Marques em 18/06/2011
Código do texto: T3042760
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