E Agora? (solidão feminina)
Trabalho o dia todo atendendo pessoas,
distribuo muitos sorrisos gratuitos.
Procuro ser agradável, quase amável,
mas quando chega à noite estou livre e sozinha
em minha cama vazia.
E por mais que eu tente negar,
sim, preciso da sua companhia.
E agora?
A festa acabou e eu não me embebedei.
Os amigos foram todos embora,
calou-se o burburinho das vozes
e uma velha conhecida visita-me
no irromper constante de mais uma triste madrugada.
Sim, a festa realmente terminou
e a solidão voltou.
E agora?
Eu preparo um jantar, pra quê?
Ninguém vem comer.
Meus jantares são solitários;
é certo, a gente acostuma-se,
no entanto, nunca se perdoa.
Nuvens escuras cobrem o céu da tarde,
começa uma chuva forte e tenho de
permanecer trancada em casa.
Fico a pensar outra vez em nós dois
e não seguro a vontade de chorar.
E o que vem logo depois
é aquela vontade louca de te amar.
O sono não chega, tomo um calmante.
Os sonhos não vêm, e agora?
Para isso não há remédio.
Amanhece um novo dia, porém,
as preocupações são as mesmas.
Os labores do ganha pão fadigam-me
e os cuidados com a família absorvem-me.
A vida tem de prosseguir afinal.
Cai à noite, meu coração se desespera
e em lágrimas volta a me indagar:
_ E agora?