SÚPLICA A VIDA
Não suprima a minha sombra
nem a leve mancha do meu sorriso,
não desbote o brilho dos meus olhos
nem me sufoque esse grito bendito.
Não rapte a paz que me resta
nem o resto das minhas folhas ressequidas,
não apague o risco dos meus sonhos
nem impeça a ilusão que necessito.
Deixe-me presa as minhas asas de cera,
deixe voar livre a minha essência errante.
A liberdade encarcerada que me cerca
é a dor de quem sempre foi só passante.
Deixe a rosa rubra em minha palma,
deixe-me ferir-me com seus espinhos,
o sangue que verte não é a da pele, é da alma,
tem a cor, mas não o gosto doce do vinho.
Sigo avante a minha senda,
semeio oculto os meus segredos,
levo apenas uma página em branco,
guardo na arca todos os meus medos.