SÚPLICA A VIDA

Não suprima a minha sombra

nem a leve mancha do meu sorriso,

não desbote o brilho dos meus olhos

nem me sufoque esse grito bendito.

Não rapte a paz que me resta

nem o resto das minhas folhas ressequidas,

não apague o risco dos meus sonhos

nem impeça a ilusão que necessito.

Deixe-me presa as minhas asas de cera,

deixe voar livre a minha essência errante.

A liberdade encarcerada que me cerca

é a dor de quem sempre foi só passante.

Deixe a rosa rubra em minha palma,

deixe-me ferir-me com seus espinhos,

o sangue que verte não é a da pele, é da alma,

tem a cor, mas não o gosto doce do vinho.

Sigo avante a minha senda,

semeio oculto os meus segredos,

levo apenas uma página em branco,

guardo na arca todos os meus medos.

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 05/06/2011
Código do texto: T3014886
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