CADA NOITE MORRO UM POUCO...
Nada há no meu mundo
a não ser um silêncio absurdo.
Devia era ter pena de mim mesmo.
Esta ausência jugula meu riso e meu corpo.
Estou a viver da energia estranha do fantasma
do amor que se ultimou...
Lido noite e dia com a agonia.
Meus dias morrem frios e sem brilho,
renascem insistentes e expiram idênticos.
A tristeza vicia; se torna a seiva das artérias.
A alegria é apenas um vulto na densa mata negra
de um tempo que se foi...
Amor é nuvem de lembrança
que passa toda noite pelo céu da vida.
Passa e suga uma parte de mim para os ares.
Nesse louco vai e vem cada noite morro um pouco.
E esta lágrima tola que teima em cair dos meus olhos
até que me esgote a alma...
O dia acabou de nascer,
mas para mim ainda é noite alta.
Meu momento teima em não abrolhar.
É como um inverno eterno e lobos famélicos
a implorar por carne fresca e abrigo acolhedor
entre a alva neve da vida...