A FLOR E O PÂNICO

Na mesa os papéis diurnos

os ecos da cidade

se esvaindo nas paredes.

O cigarro solidário

café e ao lado um corpo

do qual pelo Deus feita

à imagem e semelhança.

A dor mal adiada

o fogo dos quadris

a sanha da loucura

a solidão das vísceras

a flor da indiferença

tecendo a madrugada.

Depois, o mar da música

atroz como uma estrela.

Do livro ESPELHOS EM FUGA, Editora Objetiva, 1989.

Republicação na manhã de 3 de junho de 2011.