Pescador
Homem de cor, labor
Navegante no mar e na vida
Em sua jangada ao vento, deslizando sobre as águas
Olhando para trás, [vê] a praia ficando longe, sumindo.
Dobra a aba do velho chapéu, espanta o sol do rosto
Não quer, mas sente a solidão se achegando
Invadindo, tomando conta da mente
É uma clandestina! Joga-a fora da jangada – e de si.
Ela insiste, pega carona no vento que passa
E agarra-se à vela
Fica no alto do mastro e observa o pescador
Lá embaixo, reparando as redes.
Terminando o conserto, ele olha o mar
Não há ninguém a quem possa ver
Baixando, porém, os olhos
Vê sua própria imagem refletida na água.
Desolado, sussurra baixinho
Obrigado por não me abandonar
Não me deixar só...
A solidão, do alto da vela, aproveita sua tibieza
E invade-lhe o coração e a alma...
Será, agora, sua companheira indesejada
Até que ele regresse para sua amada.
Antonio José – 1994.