Um sem barulho que ensurdece
Num momento de obtuso silêncio,
releio um livro de autoajuda;
há um sem barulho que ensurdece,
numa noite mais de alma desnuda.
Um CD que ouvia há pouco,
há muito ficara também mudo;
um besouro desvairado na varanda,
incomodava ao chocar-se com tudo.
Nesta fria noite despida de lua,
um vento intruso me decide visitar;
o silêncio da solidão surpreende,
já que inspira-me o ato de pensar.
Já nem sei o que agora vou fazendo,
quando entendo que todos já dormem;
olho o meu leito e o rejeito sem pensar,
penso estradas que mais me conformem.
O galo na madrugada já está a cantar,
e eu ainda sigo perdido na noite;
já bem necessitado de repousar,
decido com atraso sair deste açoite.