Murmúrios do Silêncio.
Oco, ecos de memória.
Palavras, velhas imagens.
Flores de jardim imaginário.
Vozes que perdem-se no tempo.
E tempo é a mais concreta das ilusões.
E o espelho o mais franco dos amigos.
Olhos tolhidos pela visão cansada.
E os passos andam pelo movimento,
Mas as pernas ficam aquietadas,
Num confuso ir e vir.
Num anseio de movimento,
Mas sem forças para prosseguir.
Tempo, exausto tempo do mundo.
Tempo e o redesenhar do rosto.
Da face que já não é, pois já foi.
Então o riso, pois é necessário rir,
Fingir uma felicidade suficiente,
Pois que assim se espera o mundo,
E quem não quiser ficar só,
Que não despreze o mundo.
E mundo que se dane,
Aos que não temerem a solidão.
Mas só, sozinho, é incerto,
Não se reconhece,
Falta o olhar do outro.
E então silêncio. Há música.
Música feita de quietude.
E as dores do coração calam-se,
E as dores do corpo fingem-se ausentes.
E ser feliz fica mais fácil,
Na ilusão da vontade,
Que antes quer,
Do que se faz sensata.
Na dor que engana,
Na fugaz felicidade.