Madrugadas

Procuro me ater à respiração.

Sentir meu coração pulsar.

Ouvir os zumbidos externos.

Ver a escuridão do meu quarto.

Uma imagem disforme, vazia e...

O sentimento do nada...

Eternas madrugadas

Sem sono, sem sonhos e sem medo,

O pior é não sentir nada.

Estou vivo? Estou só e vazio.

Mas uma dor é inevitável no peito:

Lembranças...

Que atrocidade o silencio me traz,

Provocar, logo agora, as lembranças de outrora,

Um gesto, um sorriso, uma saudade e uma lágrima.

Um bailado frenético no tablado da vida – uma dança!

Aquela dorzinha transpassando meu peito.

Por onde andam meus desejos e planos?

Preciso do medo e me cobrir por inteiro!

Embaixo do lençol ou da cama.

Para sentir mais aguda as dores sinceras,

Da vida que reclamo e aceito,

E desta dor que já rasga meu peito!