Viva la Aberración
Sinto os violinos invisíveis
que travam sinfonia anônima,
cheia de reversos
perversa partitura -
Com olhos de vivo morto
As madeiras que roubei são fracas
e estalam meu medo
e meu dedo aflito, que range,
As flores que roubei são facas
que entram sem segredo
e moem meu amor
que grita
Das pessoas que sou
pior é o outro, que não está -
Nesta farsa, suja-se pouco
E aquele louco, pouco que foi
se sentiu ameno
e despersonalizou-se, sóbrio
Quem me dera que exista
qualquer coroa
que dê-me dor e prazer,
numa boa
sem cobrar
por fazer
Quem me dera eu estar sorrindo
quando você abriu os olhos!
Eu já estava indo, com trapos,
pensando na verdade tola que seria o amanhã
Mesmo assim, um tango continua
e uma imagem ensina-me nua
romper silente solidão