Aquela que habita em mim
Um dia eu a vi
Desde então eu sempre a vejo
Ela está sempre sozinha
Parece sempre vazia
Em seus olhos há desejo
Sua alma parece sombria
E eu continuo a observar
Ela me fala tanto em teu calar...
Às vezes reconheço um resquício de alegria
Mas é tão fugaz como estrela cadente
Ora está lá, ora não mais
Ela pertence a outro mundo
Que existe apenas dentro dela
Envolve-se num sentimento profundo
Num amor absurdo
O qual se entregou sem cautela
Desde então sofre horrores
Com a saudade que martela
A pontual lágrima rola no amanhecer
De sua lembrança surge um rosto
Que faz sua máscara contorcer
Seu amado que não habita mais conosco
Que partiu desse mundo num cinza entardecer
A esperança já lhe abandonou faz tempo
Tempo que ela não vê passar
Prefere renegar-se de tudo, para ficar remoendo
Deixando a dor lhe torturar
Um dia eu a vi
Desde então sempre a vejo
Basta apenas eu parar
Diante de um espelho.