TODAS AS MANHÃS DO MUNDO

A lama vagueia

a distância do rosto torna

o caminho longo na serena

hora

do rio calmo a acalentar a

visão nos passeios opacos;

sol novo a ludibriar os olhos.

O espelho passeia incólume

(silêncio!)

criando sorrisos de vidro

nas faces da alva

agruras a esquentar o claro

no fosco brilho do reflexo,

no som do eco a enganar

o grito.

A alma encanta o passageiro

em um frio quase morno

uma dúvida nos olhos

abrolhos que nascem

trôpegos

nas encostas da visão.

A claridade cega

um ensaio sem mente

o medo carcome o prego

o espelho cai

a alma vagueia sem marcas

no chão.

É manhã

o claro nunca se esconde

um frio sem tempo consome

a esperança,

água empoçada

um branco sem tom clareia

o nada

estrada longa, distância sem fim

no começo do dia, navegando

sempre

vôo sublime ao infinito estado

da claridade sem luz.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 18/05/2011
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