Rio abaixo

Desço o rio

e vejo a lâmina afiada

da solidão rasgar

o seu leito sempre

refeito sem marcas ou cicatriz.

Banhada e acariciada,

segue a lâmina da solidão

a rasgar, por teimosia,

o rio no seu leito sempre

refeito sem marcas

aparentes de dor.

Teço o fio desse rio,

sigo o seu curso

que não está em mim.

A natureza esbanja

seu olhar de mil e um olhos

sobre mim e a solidão

a descer o rio no seu curso.

Apago o seu rosto da memória,

quebro o meu coração

para proteger-me da ausência do seu.

JMaffa
Enviado por JMaffa em 17/05/2011
Código do texto: T2976583
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