Ermar
É noite escura sem luar
no silêncio da imensidão.
Sinto a vida continuar
no encontro da solidão.
Os pássaros de asas fechadas
pousam nos galhos das matas.
Vejo a natureza enlutada
na tempestade ingrata.
Os ventos se agitam
com tanta velocidade.
Os trens apitam
nesta continuidade.
Com a história na memória
tudo parece transladado.
Na passagem transitória
deste fogo cruzado.
Sem estrelas vi o céu,
o infinito invisível.
Fui andando ao léu
com meu coração sensível.
Quando entardece
é Deus o domínio.
A natureza entristece
com o extermínio.
Onde fica a poesia
com tanta pobreza...
O poeta e a magia
morrem com certeza.
Meus versos vão deixando
a brisa e o luar.
Meu lenço abanando
para não mais voltar.