A carencia
É noite.
Lá fora a chuva incessante dessaba.
Da janela opaca vejo vultos, que se balançam
numa dança estranha de corpos desconexos.
Sem luz tudo é breu, nesta noite infinita
Sinto falta de você, que sei não virá.
Apenas sombras de uma lembrança teimosa
da solidão que se agiganta nesta noite tenebrosa de outono.
Onde andará este amor, que se quer ouve meus lamentos?
Sinto o frio, minha cabeça vacila em lembranças tantas.
Meus olhos úmidos vigiam cada cintilar de uma estrela
Na espera inútil de encontrá-la nesta imensidão.
A dor é pungente falta carinho, abraços, tudo é solidão.
No meu corpo que clama e reclama sem se ouvir
Como atravessar estas noites traiçoeiras que faz a alma
viver estes tormentos pela amada que já não ouve meus ais?
Olho para esta chuva e o meu coração se cala.
Toninhobira
14/05/2011.
Da série apenas uma inspiração numa imagem.