Acalanto Da Palavra Morta

Deitou -me o sol em cama d’ouro

Em lençóis de pesares sem rumo

Entre o morrer e o acreditar vivedouro

Abraçou-me o invernal auto-consumo

Sem a doçura do antigo tesouro

quedo no abismo em desaprumo

Ó desditosa morta e nua alma

Que perdes-te sem adeus de vivalma

Pranteia o olhar em luto da sabedoria

Negro ósculo miserável e mortificado

Ausente amparo rasgado da soberania

Entoa a balada silenciosa em tom desarvorado

Menosprezado na ruína de penosa poesia

Extática tal qual um Cronus tresloucado

Ó quão lamentoso é a mim a aurora derradeira

Que encerra-me o conceber final de guerreira

Suplico em penúria o lume de serenidade

Silenciando as cinzas em agonia

Que negam a indiferença de inerte afectividade

Deita-me ó Eça teus lírios a campa da utopia

Que definha no verbo rebaixada imperfectibilidade

Pois desfalece a carne confrangedo-se anegrafia

Concede-me a virtude de rematar o pesar

E restituir-me o crê do legado ao celebrar

Chega-me dia faustoso ó riso de estrela

Alumia esse renascer órfão de mim criança

Escoltando –me para fora da viela

Alcançando a proteção da aliança

Perfumando-me nespereira-flor em lapela

Em doce quietude de invicta herança

Ó espirito valente em prece triste do pátio fora

Parto suavemente no adeus de oiro sem penhora

Loubah Sofia - Alma Feita De Ti

Loubah Sofia
Enviado por Loubah Sofia em 13/05/2011
Reeditado em 06/04/2014
Código do texto: T2968482
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