Noites Claras
Despido da razão qual me assola
Vago na estrada do desconhecido,
Pelos caminhos do pensar
Ou no beco dos segredos.
Nem sonhos me são permitidos,
Ou mesmo o amar pueril.
Na dor se faz escondido
O cantar que vivia outrora.
Eis! O calar rememora
No lar da sofreguidão silente!
Pois, o canto calado outrora
Mantinha esse ser vivente
Agora resta apenas o fantasma
A ladrar nas noites frias,
A depositar o confio das lágrimas
Aos cuidados da muda poesia.
E mesmo a musa que antes sustinha
O antigo peito enamorado,
Não cabe nos versos quadrados
De uma doce melodia
E nem há de correr pelos seios
Da antiga inspiração.
Perdendo-se na frieza
Das noites à luz acesa
A celebrar a solidão.
Rio de Janeiro, 28 de abril de 2011.