Ondas de solidão

Contemplo o céu primaveril
e, sob ele, aprecio o mar,
tão belo, quase infantil,
mas segredos a guardar...

Lindas estrelas vejo à noite,
desvanecida a luz do luar.
Sinto a brisa que, num açoite,
me fere a pele num gelar.

Espraiando-se num manto de prata,
batem nas pedras as ondas do mar.
Arrebentam-se numa sonata...
A Lua rebrilha para espiar...

Fito sereno a massa azul,
vislumbrando o horizonte...
Tudo é breu de norte a sul,
esperando que o Sol desponte.

Eis que logo veio a alva
pondo em fuga a escuridão!
Surge, altiva, a estrela-d'alva...
Forte em mim a inspiração.

É de anil o mar, agora;
límpidas águas num vagar...
Acompanho a vinda aurora,
extasiado a contemplar...

Tragam-me, essas ondas,
para sempre, a inspiração!
No retrocesso, que vá com elas,
eternamente, a solidão!


Imagem: Google - lumoreyra.blogspot.com