Musa da dor e solidão

Quantos poemas hei de te escrever ainda?

Estou cansado,

E minhas mãos doem quase o mesmo tanto

Que meu coração.

Tenho evitado pensar em ti

E esperado que esta dor se afogue no esquecimento.

Mas como te esquecer?

Ao te libertar da prisão da minha alma eu perdi parte de mim,

E no lugar ficou um labirinto de cicatrizes.

Não há como esquecer

Nem fingir que não dói

...me restou apenas a obsessão por escrever

E a compulsão por contemplar a minha vida.

As vezes quero rasgar a sujetividade do meu peito

E incendiar minhas emoções.

Mas é meu peito que é rasgado por esta sujetividade,

E me afogo nas escuras emoções da minha alma.

Estou cansado

E não quero mais te escrever poemas,

Musa da dor e solidão.

Mas me condenastes à este martírio,

à

morrer

um

pouco

em

cada

verso.