Solitário
Um dia eu percebi a minha tão vital diferença
diferenciado estava pelo resto da Humanidade
amputei-me de toda e qualquer uma presença
dos companheiros de mundo e de mentalidade
Pela vastidão que foi minha pobre vida, eu me estudei
todas minhas faculdades mentais: as desenvolvi, usei
nos dias quando era extrema ousadia desenvolver-se
aquela mesma Humanidade, todas atrocidades disperse
E por isso fui um amputado do corpo da sociedade
por falar de toda a sua extrema mental volatilidade
fui jogado como carne estragada, triste e solitário
ganhando, na Terra, todo o desprezo como salário
Onde será que vou descansar a carne exposta, sanguinolenta?
Meus dois olhos ardem de tanta areia suja do vento que venta
e, mesmo assim, ninguém vem ver a minha tamanha desgraça
o mundo inteiro me sorri sarcástico e na minha dor acha graça
Enquanto fico na época onde recebia aqueles teus doces abraços
sem prever que um dia poderia estar cortando os meus antebraços
fico no fim, encarando a morte na porta, solitário em todos sentidos
com salgadas lágrimas na face, esses salários da morte, já recebidos