Futilidade
Ah, como eu sinto falta daquele coração com pulsação irregular, daquela expectativa criada por uma mera ilusão, daquele frio soterrante que acompanha a primeira desilusão, que faz com que você prometa a si mesmo nunca mais acreditar em nada.
Eu sinto falta de sentir vida correndo por minhas veias, de sentir ansiedade, aquela que surge dentro de nós durante o clímax de um filme.
Eu sinto falta da verdade, fria, cruel e necessaria; aquela que sustenta as nossas dificeis decisões, dolorosas mudanças. Mas eu também sinto falta da mentira, aquela doce mentira que me faz ter crises de raiva.
Sinto falta do passado, daquilo que existia e hoje é mera lembrança. Sinto falta do presente que poderia ter sido.
Sinto falta do que eu era, da minha tolice e de ser feliz por isso. Sinto falta do que eu sou, porque alguém me disse um dia que sonhos não valiam a pena.
Sinto falta das presenças, das vidas que me foram tiradas sem explicação.
Sinto falta do conforto que uma simples presença me oferecia.
Sinto falta dos meus tempos de criança, os quais eu poderia aprontar à vontade e mesmo assim não seria punida severamente.
As vezes a ausencia me traz subitas memórias, sensações, que me fazem querer reviver tudo aquilo apenas pra poder me sentir um tanto menos pobre. Mas ao mesmo tempo essas memórias me dizem que eu devo manter os meus pés no chão, no chão de um exílio.