Eu hoje poderia apenas estar lendo meu diário
Diário de bordo
Poderia estar vendo onde naveguei
As pessoas que amei
Montanhas que escalei
Quem sabe pegasse emprestado uma linha do tempo
Para medir as palavras que foram soltas
Para escrever meu diário
E esquecer meus aniversários
Meu diário que não foi escrito só tem lembranças
Lembranças do ônibus inventado na varanda
Dos sonhos coloridos na infância
Do amor que não foi vivido quando nasceu
Que deixou saudades quando morreu
Da dormideira na beira da estrada
Que só porque toquei, ela encolheu
Hoje eu poderia estar lendo meu diário de bordo
Dia após dia sempre a mesma filosofia
Acordar
Sonhar e ver o tempo passar
Esperar o mundo se acabar
Esconder-me no diário do meu mar
Eu hoje poderia estar apenas lendo meu diário
Folhear as páginas da vida que não aconteceu
Lembrar da noite que assisti
Audrey Hepburn em “A flor que não morreu”
Antes do dia já esquecido que nasceu
E não floresceu