Beira do abismo
Estamos na beira do abismo,
buscando razões para manter os pés em terra firme,
quando nossos pensamentos desejam o ar,
quando nossos sentimentos querem o impossível,
tentando atravessar lâminas de fogo,
velejando por redemoinhos tempestuosos,
debatendo-se em um oceano sem qualquer ilha a vista,
nos prendendo ao que não temos,
gritando para o vento nossa frustração,
somos esse espelho rachado de cima abaixo...
Buscamos o perdão na beira do abismo...
Estamos nos entupindo de soníferos,
procuramos sonos sem pesadelos,
observando nossos erros trépidos á beira do abismo,
dançamos embriagados pela ausência do medo,
chorando nossas dores patéticas,
culpando transtornos obsessivos e compulsivos,
querendo encontrar felicidade onde não há portas abertas,
esperamos o apito do trem que jamais chegará a estação,
desejando embarcar em uma viagem sem destino,
condenados que estamos a nossa solidão sem fim...
Estamos perdidos em nós mesmos na beira do abismo...
Levantamos os olhos para um céu turvo,
não lembramos de preces para nossos pecados,
estamos atados ás âncoras de nossa mentiras,
supondo um começo no fim do abismo,
entorpecidos por delírios sóbrios,
escalando a insanidade de nossa aparente lucidez,
forjamos uma aparência externa em nosso caos interno,
somos corvos de uma escuridão eterna,
passageiros sem bilhete de retorno,
cantamos músicas tristes de esperanças vãs...
Queremos algo novo na beira do abismo...