ESTREITAMENTOS

Vão findando as amizades

E suas identidades

Aos poucos se revelando.

Todo amigo do peito,

Cada dia é mais ausente,

Nos encontros, renitente,

Mais distante vai ficando.

Os que ficam são tão raros,

Dentre eles, poucos caros

E carentes de ternura.

É o tempo indo à coma

Pelos catres da clausura,

Que à solidão se soma

Quase à beira da loucura.

Nesse vau da vida finda

Restam dedos pra contar,

Faltam mãos para se dar.

O coração endurece,

O olhar desperta pouco

Ao amor que lhe carece;

É um vazio de ficar louco.

O que resta de sublime,

Na saudade se exime

Por não ter mais esperança.

O viver é por viver,

Cada amigo vive assim,

Sem ter muito que fazer

Numa estrada já no fim.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 20/04/2011
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