ESTREITAMENTOS
Vão findando as amizades
E suas identidades
Aos poucos se revelando.
Todo amigo do peito,
Cada dia é mais ausente,
Nos encontros, renitente,
Mais distante vai ficando.
Os que ficam são tão raros,
Dentre eles, poucos caros
E carentes de ternura.
É o tempo indo à coma
Pelos catres da clausura,
Que à solidão se soma
Quase à beira da loucura.
Nesse vau da vida finda
Restam dedos pra contar,
Faltam mãos para se dar.
O coração endurece,
O olhar desperta pouco
Ao amor que lhe carece;
É um vazio de ficar louco.
O que resta de sublime,
Na saudade se exime
Por não ter mais esperança.
O viver é por viver,
Cada amigo vive assim,
Sem ter muito que fazer
Numa estrada já no fim.