A TERRA CALA A VOZ

A terra cala a voz.

Não nos pés, como chão;

Nem nas mãos a

Cobrir a semente.

A terra que cala a voz

É a da morte, terra túmulo

Não berço, nem rústico,

Quimera à eternidade.

Ah, terra, mata a memória

Glória de som insosso

Quase nada, sono tão

Profundo que esquecemos.

Oh terra santa, senhora mãe

Estrada velha na tela da mente

Deserto cru, poeira na voz que

Já calara no dormitório da alma

Terra só peso, nem medo passa

Nem desculpa tem para o destino

Infinito sacode a matéria

Para em uma artéria sucumbir.

A terra cala a voz, mãe infame

Derrama o nada sobre a alma

Escada sem degraus, berço-fim,

Túmulo sem começo.

Terra sobre os olhos, óculos negros

Sobre os cabelos, estranha fome

Sobre a boca, parte som

E cala, oh terra, como um lacre.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 20/04/2011
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