A TERRA CALA A VOZ
A terra cala a voz.
Não nos pés, como chão;
Nem nas mãos a
Cobrir a semente.
A terra que cala a voz
É a da morte, terra túmulo
Não berço, nem rústico,
Quimera à eternidade.
Ah, terra, mata a memória
Glória de som insosso
Quase nada, sono tão
Profundo que esquecemos.
Oh terra santa, senhora mãe
Estrada velha na tela da mente
Deserto cru, poeira na voz que
Já calara no dormitório da alma
Terra só peso, nem medo passa
Nem desculpa tem para o destino
Infinito sacode a matéria
Para em uma artéria sucumbir.
A terra cala a voz, mãe infame
Derrama o nada sobre a alma
Escada sem degraus, berço-fim,
Túmulo sem começo.
Terra sobre os olhos, óculos negros
Sobre os cabelos, estranha fome
Sobre a boca, parte som
E cala, oh terra, como um lacre.