Escreva

Escreve alguma coisa

Algum sentimento.

Palavra soletrada,

sílabas perdidas em titubeios

Ressonâncias fonéticas

Nasais e estridentes

Grite.

Venha ganir,

uivar até que a dor acabe

Ou a voz acabe.

Ou amor desapareça.

Procura-se um amor urgentemente

Que abriu a janela e jogou-se no precipício

das vaidades cotidianas

Procura-se amor

Que se espatifou entre egos e cacos

Ou se perdeu entre pregos ou afagos

Quem poderá ser o lenitivo ?

Para a loucura,

para a solidão,

para a orfandade

Para a indiferença da selva de cimento

Com seus poluentes naturais e asfixantes

Quem poderá?

Escreva alguma coisa.

Pois a palavra é o oxigênio da alma.

Escreva …

Um som, uma dúvida ou um lamento.

Não fique mudo, estático e inerente…

Não fique absurdo, abstrato e abscidado.

Sem sentido e sentimentos.

Sem emoções e sem tempo.

Pois o tempo é este o de agora.

Escreva o que está acontecendo

Nem que seja em sua imaginação,

No seu devaneio profundo que acaba

Quando você acorda.

Escreva nem que seja para.

remetente anônimo

destinatário incerto.

Mas a palavra é sempre exata

A exatidão medida pelo infinito do universo.

Escreva na poeira das estrelas

Pois a eternidade é leitora.

E nós, somos apenas a platéia.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 18/04/2011
Código do texto: T2917072
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