DOR
Não quero finais sutilmente requintados
Nem mesmo explicações elaboradas
Não desejo tapas com luvas de pelica
Ou entender paradigmas e paradoxos
Mesmo solitário não desejo compaixão
Ou comoventes comentários inteligentes
Cheios de rodeios e repletos de brandura
Quero que sangre minha dor de emoção
Que meu coração seja meu terapeuta
E que saiba enfrentar o desafio do vazio
As vagas inóspitas de meus comentários
Quero mesmo a acidez de tuas palavras
E não a superficialidade de tua eloqüência
Não há em mim o que em outros procura
Como o que há seja o que nunca realmente quis
Minha personalidade apresenta-se líquida
E o supérfluo em mim ela mesmo liquida
Quero descortinar esse novo amanhã
Sem saber ao certo o que ele proverá
Há sentimentos e quereres insubstituível
Amores e paixões vazias e risíveis
Mas o que nasce do embrião da alma
Esse nunca morre e sempre vai estar lá
No recanto mais universal do meu ser