Sarjeta
Amém, Amém, Amém
E o que me restou dos sonhos?
E o que me restou do tempo?
Restou-me somente o silêncio dessa noite sem estrelas.
Amém, Amém, que assim seja.
Ai, desse veneno...
Melhor que viver sem derramá-lo
É com ele abrigar-me no inverno,
É sobre ele perecer nessa sarjeta.
Me eleva e me desfaz
Me alumia e me devora
Me aliena e trás de volta
Mentem-me enfermo desse inferno;
Por que de paz não me concretizo
Por que de amor não me mantenho
Por que cansei de ansiar pela hora da chegada
Que partiu, do que partiu que me partiu.
Amém, Amém, que assim seja
E melhor que perecer nessa sarjeta
É lançar-me num abismo contra o vento.