Coisas que não se falam
Amei tantos corpos
Que não são meus
Amei tantos sonhos
Que não me pertencem
Vivi tantas vidas
Que não são minhas
Sempre buscando
O que eu não sabia
Mas o que quero
E sei que me pertence
Os enganos tive que engolir
Sem deixar marcas do que fugi
E as flores me provocaram um medo
De segurança... De paz...
Daquilo que se perde
Apenas com esmigalhar da vida
Que espera o corpo secar
Do último vestígio de bebida
Para ser levado pela morte
O medo do desperdício
Me atribula
Com o som louco
Solitário
Da noite
Que incendeia meu corpo
Esperando um sinal de amor sincero
E pleno.
Henrique Rodrigues Soares – Romaria Lírica