PONTO "S"
A solidão afia a navalha na garganta
Como elevador parado no penúltimo andar
Ou tiro certeiro no meio do peito,
Com uma dor que dói sem nem sangrar
Ela se faz presente e constante.
A solidão seduz, prende e vicia
Regala-se dos sonhos e das ânsias.
Uma noite ela se veste de vermelho
Puta insana, alcoviteira, ela se pinta de luar
Nas têmporas uma gota de ausência
Pra o tolo incauto que a quiser beijar
A solidão súbita e voraz e traiçoeira
Sacode as ancas, balançando plumas sobre o leito nú
Prostituta dos desiludidos, medianeira
Trabalha a madrugada inteira sobre seus pesadelos...
(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 2000)