ENQUANTO O DIA NÃO VEM
Enquanto o dia não vem, eu durmo
O silêncio arrebata a alma
Que cala em repouso eterno
Com cheiro de jasmim.
As vozes que ainda resistem
Caem ao peso do silêncio
Uma nuvem viaja pesadamente
Sobre os olhos
Afogando o fervor da luz,
Agora submissa entrega as energias
Às prisões da noite e silencia.
Enquanto o dia não vem, eu morro
Sombra de um homem.
Chove fino, criança rebelde,
Mas é noite
A escuridão se avoluma no espírito
Que grita de temor surdo, inerte
E o barulho da água é som suave,
Canto fúnebre
Ordem de inexistência entregue ao
Repouso ébrio do som acalentador,
Corpo e alma
Desejo que cala nos escombros
Do anoitecer.
Enquanto o dia não vem, é silêncio...
Depois os pássaros cantam
E eu desisto de viver
Voltando ao barulho intermitente
Da morte.
O dia veio.
Fecho os olhos da alma e canto
Em som ensurdecedor.