ENQUANTO O DIA NÃO VEM

Enquanto o dia não vem, eu durmo

O silêncio arrebata a alma

Que cala em repouso eterno

Com cheiro de jasmim.

As vozes que ainda resistem

Caem ao peso do silêncio

Uma nuvem viaja pesadamente

Sobre os olhos

Afogando o fervor da luz,

Agora submissa entrega as energias

Às prisões da noite e silencia.

Enquanto o dia não vem, eu morro

Sombra de um homem.

Chove fino, criança rebelde,

Mas é noite

A escuridão se avoluma no espírito

Que grita de temor surdo, inerte

E o barulho da água é som suave,

Canto fúnebre

Ordem de inexistência entregue ao

Repouso ébrio do som acalentador,

Corpo e alma

Desejo que cala nos escombros

Do anoitecer.

Enquanto o dia não vem, é silêncio...

Depois os pássaros cantam

E eu desisto de viver

Voltando ao barulho intermitente

Da morte.

O dia veio.

Fecho os olhos da alma e canto

Em som ensurdecedor.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 05/04/2011
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