ALCOVA VAZIA
Nesta minha alcova, ora vazia,
Cheia de tantos nadas a preencher,
Fico horas nela, minha orgia,
De tanto desejo e bem querer.
Não, jamais eu quis ser ocioso,
Nem ficar ao vento acomodar,
Me faltou um ar malicioso
Para alguns intentos alcançar.
Mas alcancei feliz a poesia
Trouxe-a comigo, conviver,
Mesmo solitário sem valia
Sinto muita coisa acontecer.
Vejo a noite silente, chorosa,
Com saudades das constelações
E na falta da lua orgulhosa
Se entregara a noite às ilusões.
Passo a minha vida nesta alcova,
Sem falar, calar ou conversar,
É como eu não existir na trova,
Ou a trova não concatenar.
(YEHORAM