NOTURNO

Está silencioso.

Não há aves a cantar

não há luz

não há som algum.

Apenas eu em meu canto

ludibriado pela esperança

de que o dia voltará

com a luz e os pássaros...

Com os rastos no caminho

e os espinhos às claras

para deles me livrar.

Pura ilusão.

A noite acercou-se de mim

não há sol

não há imagens

não há voz

não há claro algum.

Apenas eu dentro do ego

puro ao milagre do ser

cego para não ver o fim

claro da alma morta

pelo choque nos umbrais

da porta da densa escuridão.

Noite. Só noite.

Escuro a pegar com a mão.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 31/03/2011
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