CÁLIDA SOLIDÃO
Em minha cálida alcova apertada
Por camas e móveis, mal cabiam,
Eu dedilhava versos que fremiam
Por minha vida desertada.
Diante das persianas de meia luz
Mal continham os raios solares
E o calor dantesco em colares
Vertem exsudação ponto em cruz.
Vejo bailar nos olhos a narguila
Seu extenso tubo rubro do oriente
Pendia sobre o jarro transparente,
Lembrança de minha terra tranquila.
Sobre o leito o raio de luz batia
Vivo, o transponente reinol,
Cruelmente esquentara esse sol,
O quarto em que eu dormia.
Mas eu nesta vida solitária
Encaro a companhia da solidão
Que me torna motivo de inspiração
Para esta minh´alma refratária.
Dum lado o gnóstico embutido
D´outro lado estante de livros
No meio, lágrimas em litros
E no peito coração oprimido.
(YEHORAM)