A Noite do Silêncio
O rosto que banhava-se no espelho
Não tinha as marcas da desilusão;
Era um rosto paciente e forte;
Os olhos embassados pela humidade
Tinham dificuldade em se reconhecer;
Não era a dúvida de nada que o fazia
estranhar o próprio reflexo,
Era a incapacidade que via em todos
De valer-se de sua fé
Para não temer o alvorecer,
Para desligar-se de um tempo inexistente;
Um tempo futuro em que nada aconteceu
E talvez nada aconteça;
Os lábios eram rijos pela virilidade da alma
Mas preocupavam-se com o que dizer,
Apesar de achar que palavras são meramente
ruídos
Que homens e mulheres de seus dias
Aprenderam a manipular sem regras nem
preocupações de conduta:
E resolveu que o silêncio era mais forte,
E seria dele que se valeria naquela noite
Sombria e enevoada que aparentemente
Seria apenas mais uma noite sem compromissos,
Sem práticas convencionais de uma noite
daquele dia.
O rosto, agora enxuto, abriu um sorriso;
Um sorriso silencioso de si mesmo
Por lembrar que naquela noite estava sozinho,
Sozinho até de si mesmo,
Sozinho de tudo;
Naquela noite só o silêncio era real.
Fechou a porta,
Caminhou até o quarto;
A cômoda espelhada comportava dois lugares,
Lado-à-lado,
Que até outro dia havia todas as manhãs
Sido ocupados por duas pessoas que
tinham vóz,
que cantavam,
que sorriam...
Mas não naquela noite;
Naquela noite só o silêncio haveria;
Só a crua e real ordem repressôra:
A cama arrumada,
As cortinas fechadas,
As luzes apagadas...
Não haveria sequer os insetos costumeiros
das noites de verão;
Pois, seria a prévia de um novo destino,
Solitário,
Diferente,
Sem sombras,
Talvez melhor,
Talvez pior,
Porquanto agora só o vazio, o silêncio,
Pois a noite mal começou
E o dia seguinte ainda não há;
Por que então vivê-lo?
Não vivamos esta noite asquerosa e sem estrelas,
E deixemos que seus fantasmas se divirtam;
Deixemos que suas dores remontem-se na
sala a bailar;
A comemorar, bebendo e comendo tudo o que foi
deixado para trás,
Tudo o que agora já não importa;
Deixemos que as sombras e os fantasmas se
embriaguem até cair,
Pois que já não importa agora;
Deixemos as angústias, os medos e melancolias,
Divertirem-se com o silêncio desta noite,
Pois que será melhor que a solidão;
Assistamos os delírios desses malditos espectros
à meia-noite
Sem que eles saibam que nos divertimos com eles,
Com a sua presunçosa presença que, vaidosamente,
se acha vitoriosa e reinante...
Pois há o sol!
O sol que não se vê nem se toca;
O sol que não se altera diante da balbúrdia
desta festa dos horrores,
Nem limita seu tempo em dias e noites;
Um sol que não quer segredos de vida ou morte;
Um sol vivo e dominante que não quer o medo
nem a vingança,
Apenas a paz...
As portas foram trancadas
E as sombras, ébrias de seus fantasmas,
adormeceram
Sem sequer um aceno de despedida;
E, nesta hora, só resta de pé o silêncio
Das falsas e frágeis promessas ao acaso:
Para sempre!
Para sempre!
Para sempre!..
E a noite adormece,
Depois de esvaziar a última garrafa.
O rosto que banhava-se no espelho
Não tinha as marcas da desilusão;
Era um rosto paciente e forte;
Os olhos embassados pela humidade
Tinham dificuldade em se reconhecer;
Não era a dúvida de nada que o fazia
estranhar o próprio reflexo,
Era a incapacidade que via em todos
De valer-se de sua fé
Para não temer o alvorecer,
Para desligar-se de um tempo inexistente;
Um tempo futuro em que nada aconteceu
E talvez nada aconteça;
Os lábios eram rijos pela virilidade da alma
Mas preocupavam-se com o que dizer,
Apesar de achar que palavras são meramente
ruídos
Que homens e mulheres de seus dias
Aprenderam a manipular sem regras nem
preocupações de conduta:
E resolveu que o silêncio era mais forte,
E seria dele que se valeria naquela noite
Sombria e enevoada que aparentemente
Seria apenas mais uma noite sem compromissos,
Sem práticas convencionais de uma noite
daquele dia.
O rosto, agora enxuto, abriu um sorriso;
Um sorriso silencioso de si mesmo
Por lembrar que naquela noite estava sozinho,
Sozinho até de si mesmo,
Sozinho de tudo;
Naquela noite só o silêncio era real.
Fechou a porta,
Caminhou até o quarto;
A cômoda espelhada comportava dois lugares,
Lado-à-lado,
Que até outro dia havia todas as manhãs
Sido ocupados por duas pessoas que
tinham vóz,
que cantavam
que sorriam...
Mas não naquela noite;
Naquela noite só o silêncio haveria;
Só a crua e real ordem repressôra:
A cama arrumada,
As cortinas fechadas,
As luzes apagadas...
Não haveria sequer os insetos costumeiros
das noites de verão;
Pois, seria a prévia de um novo destino,
Solitário
Diferente,
Sem sombras,
Talvez melhor,
Talvez pior,
Porquanto agora só o vazio, o silêncio,
Pois a noite mal começou
E o dia seguinte ainda não há;
Por que então vivê-lo?
Não vivamos esta noite asquerosa e sem estrelas,
E deixemos que seus fantasmas se divirtam;
Deixemos que suas dores remontem-se na
sala a bailar;
A comemorar, bebendo e comendo tudo o que foi
deixado para trás,
Tudo o que agora já não importa;
Deixemos que as sombras e os fantasmas se
embriaguem até cair,
Pois que já não importa agora;
Deixemos as angústias, os medos e melancolias,
Divertirem-se com o silêncio desta noite,
Pois que será melhor que a solidão;
Assistamos os delírios desses malditos espectros
à meia-noite
Sem que eles saibam que nos divertimos com eles,
Com a sua presunçosa presença que, vaidosamente,
se acha vitoriosa e reinante...
Pois há o sol!
O sol que não se vê nem se toca;
O sol que não se altera diante da balbúrdia
desta festa dos horrores,
Nem limita seu tempo em dias e noites;
Um sol que não quer segredos de vida ou morte;
Um sol vivo e dominante que não quer o medo
nem a vingança,
Apenas a paz...
As portas foram trancadas
E as sombras, ébrias de seus fantasmas,
adormeceram
Sem sequer um aceno de despedida;
E, nesta hora, só resta de pé o silêncio
Das falsas e frágeis promessas ao acaso:
Para sempre!
Para sempre!
Para sempre!..
E a noite adormece,
Depois de esvaziar a última garrafa.
O rosto que banhava-se no espelho
Não tinha as marcas da desilusão;
Era um rosto paciente e forte;
Os olhos embassados pela humidade
Tinham dificuldade em se reconhecer;
Não era a dúvida de nada que o fazia
estranhar o próprio reflexo,
Era a incapacidade que via em todos
De valer-se de sua fé
Para não temer o alvorecer,
Para desligar-se de um tempo inexistente;
Um tempo futuro em que nada aconteceu
E talvez nada aconteça;
Os lábios eram rijos pela virilidade da alma
Mas preocupavam-se com o que dizer,
Apesar de achar que palavras são meramente
ruídos
Que homens e mulheres de seus dias
Aprenderam a manipular sem regras nem
preocupações de conduta:
E resolveu que o silêncio era mais forte,
E seria dele que se valeria naquela noite
Sombria e enevoada que aparentemente
Seria apenas mais uma noite sem compromissos,
Sem práticas convencionais de uma noite
daquele dia.
O rosto, agora enxuto, abriu um sorriso;
Um sorriso silencioso de si mesmo
Por lembrar que naquela noite estava sozinho,
Sozinho até de si mesmo,
Sozinho de tudo;
Naquela noite só o silêncio era real.
Fechou a porta,
Caminhou até o quarto;
A cômoda espelhada comportava dois lugares,
Lado-à-lado,
Que até outro dia havia todas as manhãs
Sido ocupados por duas pessoas que
tinham vóz,
que cantavam
que sorriam...
Mas não naquela noite;
Naquela noite só o silêncio haveria;
Só a crua e real ordem repressôra:
A cama arrumada,
As cortinas fechadas,
As luzes apagadas...
Não haveria sequer os insetos costumeiros
das noites de verão;
Pois, seria a prévia de um novo destino,
Solitário,
Diferente,
Sem sombras,
Talvez melhor,
Talvez pior,
Porquanto agora só o vazio, o silêncio,
Pois a noite mal começou
E o dia seguinte ainda não há;
Por que então vivê-lo?
Não vivamos esta noite asquerosa e sem estrelas,
E deixemos que seus fantasmas se divirtam;
Deixemos que suas dores remontem-se na
sala a bailar;
A comemorar, bebendo e comendo tudo o que foi
deixado para trás
Tudo o que agora já não importa;
Deixemos que as sombras e os fantasmas se
embriaguem até cair,
Pois que já não importa agora;
Deixemos as angústias, os medos e melancolias,
Divertirem-se com o silêncio desta noite,
Pois que será melhor que a solidão;
Assistamos os delírios desses malditos espectros
à meia-noite
Sem que eles saibam que nos divertimos com eles,
Com a sua presunçosa presença que, vaidosamente,
se acha vitoriosa e reinante...
Pois há o sol!
O sol que não se vê nem se toca;
O sol que não se altera diante da balbúrdia
desta festa dos horrores,
Nem limita seu tempo em dias e noites;
Um sol que não quer segredos de vida ou morte;
Um sol vivo e dominante que não quer o medo
nem a vingança,
Apenas a paz...
As portas foram trancadas
E as sombras, ébrias de seus fantasmas,
adormeceram
Sem sequer um aceno de despedida;
E, nesta hora, só resta de pé o silêncio
Das falsas e frágeis promessas ao acaso:
Para sempre!
Para sempre!
Para sempre!..
E a noite adormece,
Depois de esvaziar a última garrafa.