Na carência das emoções

Num quarto medíocre entre restos do que fui,

sobrevivo à custa do desprazer e da agonia,

vivencio as desgraças de esperas não alcançadas,

vejo o tédio tomar posse das horas mal acabadas,

e o rancor tomar o lugar de onde o amor fluía.

Que existência enfadonha, isso eu não merecia!

E essa minha imagem bisonha refletida no mesmo espelho,

e essa minha cabeça vazia perecendo sem nenhum conselho

e esse meu olhar tristonho distante de tudo o que eu via.

O que mais resta a um pobre moribundo,

que pudesse alguma esperança enternecida

fazer correr as distâncias desse mundo

para dar alguma razão à minha vida?

ADAMO SIDONIUS
Enviado por ADAMO SIDONIUS em 26/03/2011
Reeditado em 24/01/2019
Código do texto: T2871182
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