Na carência das emoções
Num quarto medíocre entre restos do que fui,
sobrevivo à custa do desprazer e da agonia,
vivencio as desgraças de esperas não alcançadas,
vejo o tédio tomar posse das horas mal acabadas,
e o rancor tomar o lugar de onde o amor fluía.
Que existência enfadonha, isso eu não merecia!
E essa minha imagem bisonha refletida no mesmo espelho,
e essa minha cabeça vazia perecendo sem nenhum conselho
e esse meu olhar tristonho distante de tudo o que eu via.
O que mais resta a um pobre moribundo,
que pudesse alguma esperança enternecida
fazer correr as distâncias desse mundo
para dar alguma razão à minha vida?