Te Conto da Rosa

Havia uma Rosa despretensiosa e que nunca a quis ser.

Uma terna Rosa Rubra que o destinho a tornava a ser!

Rosa Rubra brincalhona… Alma pluma de criança!

Ah… Quem dera sempre a pudesse ser…

Ainda botãozinho, difícil crescer!

E havia uma mão humana tentando-a embrutecer!

Não vingar! Recolher!

Mão que nunca cuidou-a botão!

Nem Rosa… Nem nada!

Despretensão da Rosa Rubra menina…

Ela gostava apenas de sonhar!

E teimou… E floresceu…!

Mas tão frágil quanto toda Rosa…

E a Rosa enquanto alma pluma sonhou…

Que, por um instante, haveria-lhe um jardineiro!

Que pretensão… Ela queria proteção!

Ah! Desproteção!

Sabem daquela redoma de vidro?!

Ela também serve para proteger!

Sem sufocar... Deixar respirar… Florescer!

Sob a Luz do sol e apenas amá-la.

Tempo. Sol. Chuva.

Água benta do céu que banhou a alma Rosa…

E brisa quente que aqueceu-a à toa, colo de mãe.

A Rosa vingou!

A Rosa Vermelha cresceu!

Chorou… Largou-se botão.

Rosa Rubra ela era... E quase frágil e quase forte!

E a Rosa Rubra veste-se de vida... Chora…

Ainda a brincar de ser pluma leve e sonhadora…

Despretensiosa… Desprotegida!

Um tola! Uma distraída!

Traída… tantas vezes…

Ou seria ela distraída para sentir-se protegida?

Ou seria ela traída por ser tão Rubra tola?

Deste anseio não posso eu comentar…

Um segredo que eu guardo da Rosa.

Alguém conhece uma Rosa inconsequente?

Ah… Diziam-na ser! Imagina…

A Rosa é feita para doar-se…

Intensamente… Intensamente…

Disso posso eu falar…

Não é um segredo da Rosa.

Rosa Vermelha… Tempo… Rosa!

Rosa Insistentemente Vermelha!

A passar severos outonos... Sem paz!

Rosa Vermelha a provocar invernos no mundo!

No seu mundo...

E quem importaria-se?

Rosa queima-se… Perde-se… Perde tudo!

Rosa que não entende! Rosa que apenas sonha!

Rosa que quer redoma! Esta que nunca vem!

Rosa que nunca fica! Finca no coração amores!

Rosa Vermelha das dores!

Rosa que apenas sonha… E ainda!

Sem redoma! Sem pseudo-redoma!

Rosa… É apenas uma mulher.

Dizem que a Rosa não olha mais para trás. Mantém a haste erguida e olha para frente à luz do Sol. Mas há sempre uma ventania que a contorce. E ela sempre orvalha.

Karla Mello

Novembro/2010

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 25/03/2011
Reeditado em 06/03/2015
Código do texto: T2870549
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.