A Última Tempestade
Esta noite logo tudo passa;
neste enleio a minha vida se repassa...
Preciso de calma; perdi meu intelecto,
a minh’alma não reconhece o seu aspecto.
Mais outra noite sentindo-me só e sentido frio...
desvanece os sonhos, os sentidos, o pensamento,
prevalece agora um enorme vazio.
Cometo um disparate, ouço o barulho do vento;
e das folhas caindo no relento,
vão-se as horas...
Pelas veias do corpo flui um ardor;
eu espero que o dia amanheça rapidamente;
para que não me consuma o rancor;
flui em meu peito a fúria de antigas lembranças;
mas meu espírito ainda inteiro, derrama o amor,
e a sua sensibilidade e lealdade me traz esperanças...
deleito-me em ti, minha única razão.
A tempestade agora chegou com muita força;
o quarto fica claro com os focos luminosos dos raios;
e arrepiante, com o barulho do trovão...
Quase um segundo depois dispara o coração;