VAZIO
Nas ruas um vazio
Corre sem silêncio
E o caos do barulho
Entulha a todos no cais
(gente e bicho)
Queimando a semente e
Jogando as cinzas ao mar
O aroma da flor perfuma
As mentes
(senso de gente)
Que reverbera no vidro
A sorrir das janelas,
Ética presa à estética
Do estilo
(o silêncio é o concreto)
A esconder a miséria humana
Em prato de porcelana
E escorrega no porcelanato
Do piso
(o brilho ofusca a tristeza)
O sorriso se abre como
Arte abstrata
No concreto choro do ente
(museu da vida)
A cultura sucumbe à
Fortuna
Delírio da semente a
Arder
No vácuo da distração
(sopro a levantar o peso)
Os ventos parecem embalar
O nada,
Que é belo
Na uniformidade da inexistência
Uma força a levantar outra
Força
Flutuando
Na sublimidade do silêncio:
Elo incolor entre a flor
E a pedra
Pendurado pelo fio da arte
Vidro espelhado
Na parede do despenhadeiro.