VAZIO

Nas ruas um vazio

Corre sem silêncio

E o caos do barulho

Entulha a todos no cais

(gente e bicho)

Queimando a semente e

Jogando as cinzas ao mar

O aroma da flor perfuma

As mentes

(senso de gente)

Que reverbera no vidro

A sorrir das janelas,

Ética presa à estética

Do estilo

(o silêncio é o concreto)

A esconder a miséria humana

Em prato de porcelana

E escorrega no porcelanato

Do piso

(o brilho ofusca a tristeza)

O sorriso se abre como

Arte abstrata

No concreto choro do ente

(museu da vida)

A cultura sucumbe à

Fortuna

Delírio da semente a

Arder

No vácuo da distração

(sopro a levantar o peso)

Os ventos parecem embalar

O nada,

Que é belo

Na uniformidade da inexistência

Uma força a levantar outra

Força

Flutuando

Na sublimidade do silêncio:

Elo incolor entre a flor

E a pedra

Pendurado pelo fio da arte

Vidro espelhado

Na parede do despenhadeiro.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 15/03/2011
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