Um Amor Intangível
Acordo às três da madrugada e lentamente desperto
Ocupo mais espaço na cama do que o necessário
E mesmo meus olhos lutando para continuarem fechados
Os obrigo a deslumbrarem o escuro do quarto...
De repente, antes de me encontrar em total lucidez
Teu semblante surge lindamente a minha frente
Parece um sonho, mas estou acordada – ou penso estar
E fico parada, te olhando a me olhar com teu jeito meigo...
Ah... como tu és lindo. Beleza digna de anjo
Tenho medo de me perder totalmente de mim
E acabar descobrindo que só me encontro em ti
Que minha vida agora é vagar pelo teu mundo...
Mas essa ideia me assusta de tal maneira
Que me faz voltar à realidade subitamente
E como numa queda brusca, percebo minha loucura
Você não está aqui, nunca esteve e talvez nunca estará...
Tu és como a aurora. Esplendente, feérico e divino
Porém, intocável. Sempre distante, sempre intangível
E até mesmo para mim que ouso voar os mais altos céus
Deslindando os segredos do alto, permaneces assim...
Me resigno ao silêncio, ao vazio e à negrura de mais uma noite
Volto a fechar meus olhos na tentativa de apagá-lo do meu pensamento
Repito mentalmente pra mim mesma que estou sozinha e que assim devo ficar
E me conforto com a ideia de que ao amanhecer já não saberei mais nem quem tu és...