Que soneto?
Que palavras transcenderiam seus significados
E descreveria o resultado
Desse olhar,
Que de encontro ao arrebol
Cintilam em ritornelo milagres castanhos
Luzes que vertem meu ser de vida
Ao dia
Luas que me cobrem de sonhos
À noite
Que palavras?
Que poema em sua poesia
De pobres, ricas rimas,
Utilizaria tais palavras,
E com estigma melodia
Comporia versos d’um ritmo
Em q’alma em êxtase
Desprende-se do imo
Alcançando o excelso universo
Das emoções?
Que soneto
Reuniria esses versos de heróicas métricas
Em suas imortais estrofes,
Atravessaria os séculos gloriosos
De incontáveis manhãs primaveris,
Atingiria o outonal ouro desses olhos
Que desmaiam no ocaso bronze dessas tardes
Chegaria a tempestuosas noites de dezembro
Aos sonhos brilhantes de verão,
Triunfantes noites de verão!
E na bravura de suas eras
Dizimar a tristura
Que se apodera
Que assola est’alma,
Ah que tardes essas, efêmeras,
Que sonhos esses, insanos!
Que soneto, que soneto?