A VELHINHA
Sentada, ao lado de um fogão improvisado
Estava uma mulher mirrada e sofrida.
Idade indefinida, olhar nublado...
Escondendo uma dor incompreendida.
Ela parece só, embora a família reunida
Anda pra lá e pra cá, parecendo não notar,
A presença da figura encardida.
É triste o simples observar.
Por alimento um taco seco de pão,
Para ajudar a descer um caneco de chá
Feito com folhas secas arranjadas pelo chão.
Fome? Aprendeu essa voz ignorar.
Enquanto todos exalam fartura.
Ali num canto da cozinha,
A velha respira e aspira,
Um sopro. Fim de linha.