Quando cala o coração.
Nuvens caídas nas telas de meu coração.
Nuvens obscuras que me falam de dor e escuridão.
Em meio a soluços, escuto a canção.
Aqui não há mais tempo.
Não ouço e nem vejo mais ninguém.
Nada resta além de rabiscos e chiados insuportáveis.
Eu me deito para dormir.
Eu durmo pela eternidade.
Em meus desejos, só desejo mesmo o silêncio.
Quero a penumbra da solidão.
Que ninguém me veja, nem pergunte sobre mim.
Sou, sempre fui e quero continuar morto para o mundo.
Eu quero a tristeza do não reconhecimento.
Eu quero a beleza de não ser importunado.
Eu quero a liberdade de ser eu mesmo em minhas angústias.
Pois, que sou um ser das sombras, vivendo a dor de um mundo vazio.
E não há nada que esse mundo possa realmente me oferecer para me fazer realmente feliz.
Pois, que enfim descobri que a felicidade não está nos outros: eu tenho que procurá-la dentro de mim e não fora de mim.
Pois, que nesse momento me aceito do jeito que realmente sou, sem máscaras, nem subterfúgios.
Quero me refugiar na beleza e na certeza de ser quem eu realmente sou.
Não quero mais chorar, nem lamentar.
Sou um sujeito acostumado a escuridão.
Me adaptei ao sofrimento e a angústia.
A tristeza está impregnada de minha costela.
Nada mais me toca.
Eu me misturei a tristeza.
Meu nome agora é solidão.
E eu já não sofro mais.
Pois, que aceitei de vez meu destino.
Preso nas téias desonrosas da injustiça desse mundo cruél e vazio.
Mundo mascarado e sem alma.
Terra de gigantes pequeninos.
Vazio de alma.
Dureza de coração.
E eu nada sou além de um sujeito perdido na penumbra da escuridão vazia.
Minha vida se perdeu nas téias do tempo.
E minha alma foi levada pelo vento.
Agora jaz minha vida no vale das lágrimas roubadas.
E o sangue que jorra do corpo, seca o coração.
Eu me sinto viajar por outro mundo.
Meu corpo ainda aqui está, mas minha alma foi viajar e se esqueceu de voltar.