Tímida

Descobri que sou tímida

Tenho medo de falar pros outros

O que falo pro papel: converso

Com as letras, faço verso

E rimo minha confusão.

Minha voz já se tornou tinta

Escorregadia, da caneta que me guia.

Assim eu me abro,

Começo e não paro,

Feito cachoeira

Feito lágrima de perda

Feito batida de coração.

Tenho um talento adormecido,

Porém latente

E enfurecido

Dentro de mim.

Esse talento é tão somente

Necessidade: desabafar com alguém,

– Ninguém...

Desabafo pra mim,

E minha poesia sai assim...

Quem me vê não alcança minh’alma

Quem me lê se engana:

Eu sou tão profundamente

Que, quando minha luz se apagar,

Já será dia.