Sombra do Homem ou Ombre d'un homme
É a sombra do homem
É o calor de sua mão que humaniza tudo
É o odor da existência que entranha nas paredes,
Percorre corredor, fecham portas e cortam pulsos.
É a sombra do homem perdida no eco de sua voz
rouca e titubeante
Apaixonei-me por um homem imaginário
Que habitou as fossas mais profundas
de minha carência
Que sobreviveu de dádivas subservientes
Migalhas e esmolas, trapos e símbolos
E, vestia e comia e se conduzia
irracionalmente.
Envenenando-se, e infectando todo ambiente
De seu espírito fétido e fraco.
É a sombra do homem,
Desenhada pelo acaso dos raios solares
Marcada pelas soleiras das portas
Escondida atrás dos tapetes
Escorraçada da dignidade de ser.
É a sombra apenas.
Não corresponde a nenhum sujeito
Não corresponde a nenhum objeto
É fruto somente da necessidade premente de
amar e não entender o tempo, o vento e
os enigmas dos desencontros.
A penumbra, a sombra e a garoa de chuva
A molhar a poesia de pensamentos insanos.