Domingo.
O domingo vem e demora passar.
O domingo vem e quando passa já nada mais demora.
Do domingo pouco tenho para me lembrar.
O domingo traz o vazio.
No domingo me lembro do vazio do mundo.
Pouco ou nada me resta no domingo.
Domingo é como um descanso eterno, mas sem a eternidade.
Domingo cansa mais do que descansa.
O domingo me traz a frieza do tédio.
Mergulho nas trevas da noite durante o dia.
As manhãs de domingo são mais feias.
As noites mais solitárias.
O domingo traz dor.
O domingo nada tem de suave.
Falta lazer no domingo, falta sorriso, falta movimento, falta vida.
Mas, com tudo isso e apesar disso, o domingo permanece e sempre permanecerá como um mal necessário.
Pois, que o domingo é uma fuga do movimento acelerado da semana agitada.
O mundo gira em gritos e berros de crianças e pais desesperados.
Mas, no domingo todos ou pelo menos quase todos se calam,
Domingo de vazio.
E de tristes lembranças.
Nada ter que fazer,
Mas, muito no que pensar.
Domingo de dor e solidão.
Domingo é sinônimo de começo.
Começo de uma semana cheia de desejos, mas sem nenhuma ou quase nenhuma esperança.